terça-feira, 18 de agosto de 2009

A tecnologia na visão atual

UM COMEÇO

A tecnologia apresenta dentro da sua característica organizativa um aspecto que a partir de agora se estará tratando como 'mapa de interesses'1, o qual engloba quase tudo que possa ser significativo na mudança de cultura do ensino tecnológico. Como este mapa de interesses envolve o científico, o ideológico, o econômico, o ético, o cultural, e poderiam, todos eles, ser abarcados pelo que se chamaria de 'interesse democrático', a ciência e a tecnologia parecem realmente estar sendo tratadas como assuntos de interesse público.

Fica patente, portanto, que a cultura que precisa ser estabelecida nas escolas de todo o país é a cultura do tratamento de um assunto que é público com a forte necessidade de avaliações contínuas. Isto estabelecido, não redundaria em mudanças de caráter radical nos outros ensinamentos postos hoje nas escolas de engenharia, como muitos pensam, e por pensarem desta maneira sempre se insurgem contra qualquer possível mudança que implique, agora sim, posturas diferenciadas nas abordagens destes conhecimentos.

Os interesses em jogo na sociedade atual retiram dos experts o monopólio das decisões de cunho científico-tecnológico. Eles não recebem mais carta branca para poderem agir de acordo com seus conhecimentos técnicos isolados. Os cidadãos querem mais participação nas decisões e no domínio do conhecimento científico e tecnológico. Isto deveria fazer com que as escolas de engenharia — sem retirar a responsabilidade das outras também, é claro — se colocassem como vanguarda nesta reaproximação necessária entre o profissional e o grande público, pelas próprias características do conhecimento gerado em suas fileiras. A falta deste tipo de predicado pode se transformar em séria limitação na comunicação que este profissional deverá ter na sua atuação na sociedade. Esta reciclagem se torna aguda, podendo fazer este novo engenheiro ausente dos problemas mais cruciais com que esta sociedade se vê envolta.

Sempre se acreditou que a ciência e a tecnologia eram supremas e únicas para a resolução de todos os problemas. Acreditou-se neste paradigma até muito recentemente, mas agora se sabe que elas não os resolvem sozinhas. Existe um entorno determinado pelo comportamento social que define, e mais do que isso, impõe estes benefícios. Na complementação desta idéia inicial, portanto, é importante que os estudos sobre ciência, tecnologia e sociedade que se propõe como imprescindíveis nas escolas de engenharia não sejam tratados como mais uma disciplina estanque e dissociados da lógica organizativa do todo do aprendizado do curso, mas sim como uma área de conhecimento fundamental para tornar o futuro engenheiro um profissional sintonizado com as suas responsabilidades técnicas e sociais. Por isso é preciso desenvolver, além de um campo comum para esse tipo de discussão, um vocabulário moderno e algumas ferramentas metodológicas que permitam uma cooperação importante entre os projetos tecnológicos, sua utilização, seu desenvolvimento e o aprendizado das técnicas estabelecidas para que estes avanços se processem. Neste sentido tem-se que encarar a ciência e a tecnologia como forma de vida e avaliá-las e entendê-las dentro de um tripé que parece fundamental: como instrumentos, como organização e como cultura.



http://www.oei.es/salactsi/bazzo05.htm


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